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"Quero mudar a cor da minha medalha"



A Taekwondista de Londrina-PR, Natália Falavigna, se tornou a primeira medalhista olímpica da história da modalidade no Brasil com o bronze em Pequim, na categoria acima de 67 kg. Perfeccionista, Natália já se prepara para as Olimpíadas de Londres, em 2012. O pensamento? Trazer o ouro.
 
A medalhista começou a se dedicar à luta por acaso, mas desde o início com afinco. Aos quatro anos, quando viu o judoca Aurélio Miguel conquistar o ouro em Seul-88, Natália já tinha uma certeza: também queria ser campeã. "Ele é um exemplo para o esporte brasileiro, meu ídolo", diz.  

Em entrevista exclusiva ao É Craque!, por telefone Natália falou por quase uma hora sobre a falta de incentivo que o Tae Kwon do sofre no Brasil, das necessidades de aumentar a verba na modalidade e da falta de ídolos brasileiros e, claro, sobre o bronze de Pequim. 
 
É Craque! - A medalha de bronze em Pequim é um bom motivo para o esporte ganhar mais incentivo?

Natália Falavigna - Espero que sim. O Tae Kwon do é bastante carente de incentivo no Brasil. Acho que os governantes precisam tratar o esporte de uma forma diferente, com apoio e fiscalização. É preciso saber onde o dinheiro está sendo investido, o que se pode fazer para melhorar. Porque o dinheiro aparece, mas precisamos ter consciência no que estamos investindo para melhorar as condições de treino e popularizar o esporte. 

É Craque! - A verba destinada a modalidade em Olimpíadas é pouca?

Natália - Muito pouca. Espero que com o meu resultado a verba destinada ao Tae Kwon do seja repensada. Não pode acontecer de alguns atletas ganharem mais e outros menos, é preciso ter uma igualdade. Todo atleta precisa se sentir valorizado para dar o seu melhor. 

É Craque! - Se você fosse presidente da república por um dia, o que você faria em prol do esporte?

Natália - (Risos)... A pergunta é muito criativa. Eu iria aprovar várias leis de incentivo ao esporte. Não acho viável pensar no esporte apenas próximo aos Jogos Olímpicos. Outra medida que eu tomaria é pensar numa forma pela qual as empresas privadas possam investir mais no esporte. São tantas coisas, mas acho que tudo que eu falei já estabeleceria uma cultura esportiva nas escolas e sairíamos com vários campeões olímpicos formados em solo brasileiro.

DM - Antes das lutas você se concentra com músicas evangélicas. É um ritual?
Natália - É a maneira que eu encontro de ficar mais próxima de Deus antes de uma luta. Como sou uma atleta evangélica, os louvores me deixam mais fortes nos tatames e consigo superar minha adversária.


É Craque! - Faltam ídolos no Tae Kwon Do?

Natália - Claro. Nunca tive ninguém na modalidade para me espelhar. Aos quatro anos, vi o judoca Aurélio Miguel ser campeão olímpico. Foi bacana. Ele é um exemplo, meu ídolo. No Tae Kwon Do, os resultados postivos que os atletas vem conquistando em Pan-Americanos e nas Olimpíadas  pode resultar na formação de futuros ídolos, que ainda não temos. Espero contribuir. 

É Craque! - Já está com a cabeça nas Olímpiadas de Londres?

Natália - Com certeza. Já retomei meus treinos em Londrina. Quero ir para Londres daqui a quatro anos e mudar a cor da minha medalha. Tenho convicção que virão tempos aureos agora para o Tae Kwon do e vou com tudo para buscar a medalha de ouro.

É Craque! - Existe favoritismo em Olimpíadas?

Natália - Que nada. Você nunca sabe o que o seu adversário pensa. Ele pode te acertar um golpe e definir a luta num instante. Não dá muito para pensar em favoritismo. Quando se está no tatame é fundamental colocar em prática tudo que você fez nos treinos.


É Craque! - Antes de cada luta em Pequim, o que você pensava?

Natália - Sinceramente eu só pensava em me divertir. Com muita tranquilidadee eu fiz o que eu mais gosto de fazer: lutar.

É Craque! - Pequim foi a Olimpíada das mulheres?

Natália - Olha, toda mulher tem dentro de si a vontade de se superar. Eu fui  para os jogos preparada para vencer. Treinei forte e nas lutas eu estava solta, mas isso é de cada um. Acredito que os homens também estavam com a intenção de fazer bonito, mas na vida nem sempre é possível galgar horizontes maiores. 

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