Por Bruno Félix
Entrevista
Oscar Daniel Bezerra Schmidt, 50 anos, mais conhecido como "mão santa", é um dos principais nomes do basquete brasileiro.
Com 2,05m de altura e 107kg, ele foi uma das maiores estrelas do basquete mundial. Natural de Natal, RN, Oscar iniciou sua carreira aos 13 anos, e jogou até os 45, marcando 49.737 pontos ao longo de sua carreira, destes, 1.093 em Olimpíadas, tornando-se o maior cestinha dos jogos. Pela Seleção Brasileira foram 7.693 pontos.
Em entrevista ao É Craque!, Oscar relembra alguns momentos de sua carreira. Mesmo sem ter ganhado nenhuma medalha olímpica, ele tem uma vitória marcante em sua trajetória. "Não troco a vitória de Indianápolis em 1987 nos Jogos Pan Americanos contra a seleção americana por nenhuma outra".
Oscar também comenta que a cesta mil não foi cercada de tanta expectativa assim como ocorreu no futebol. "Nunca sonhei com esse tipo de coisa, pelo meu tipo de jogo tudo saiu naturalmente na minha carreira".
Em nossa entrevista, o "mão santa" demonstra bastante orgulho de todo sua história na Seleção Brasileira, e opina sobre o futuro do basquete brasileiro. A seguir, trechos da entrevista.
É Craque!: Você é um dos principais nomes do basquete brasileiro. No total, marcou 1.093 pontos, feito nunca alcançado por nenhum outro jogador de basquete nos Jogos Olímpicos. Ainda assim, jamais conquistou uma medalha. Como você avalia toda sua história na seleção?
Oscar: Consegui muito mais do que imaginava. Não consegui uma medalha olímpica, que minha geração merecia mais do que ninguém, mas não troco a vitória de Indianápolis em 1987 nos Jogos Pan Americanos contra a seleção americana por nenhuma outra. Ganhamos dos americanos por 120-115, a primeira vez que eles levaram mais de 100 pontos numa única partida. Foi demais.
É Craque!: Fica alguma frustração?
Oscar: Claro que não, consegui ser atleta de alto nível no mundo. Só isso recompensa tudo. Fui campeão 49 vezes oficialmente, defendi a seleção 20 anos, que mais posso pedir?
É Craque!: A cesta mil foi algo bastante sonhado?
Oscar: Não, nunca sonhei com esse tipo de coisa, pelo meu tipo de jogo tudo saiu naturalmente na minha carreira.
É Craque!: A última participação da seleção masculina de basquete numa olimpíada foi justamente em 1996, na qual você foi o grande cestinha com 219 pontos. Nos últimos anos, o Brasil vem revelando bons jogadores, mas não consegue participar de uma olimpíada. O basquete masculino está em crise? O que está faltando?
Oscar: Desde que minha geração saiu da seleção temos dificuldades graves, mas acredito que isso seja fruto de más escolhas dos dirigentes sobre: técnico, treinamento, mentalidade, disciplina etc.
É Craque!: Por que Nenê e outras estrelas do nosso basquete não conseguem render bem na seleção? A camisa pesa, ou o problema é a Confederação Brasileira de Basquete?
Oscar: Eles são bons jogadores, mas ainda não são protagonistas em suas equipes. Na seleção brasileira, quando se ganha ou perde, apenas o Marcelinho decide uma partida em fim de jogo. Precisamos que os outros atletas cresçam mais nas suas equipes para ajudarem a seleção.
É Craque!: Você nunca pensou em ser treinador de algum time de basquete, ou até mesmo da seleção brasileira?
Oscar: Eu tive o melhor time do Brasil e não fui o técnico. Não posso. Nesse momento tenho outras atividades que tomam meu tempo. Se for técnico tenho que ter a mesma vida que fiz em 32 anos de carreira: dois treinos por dia. Agora, não consigo ter esse ritmo.
É Craque!: Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
Oscar: Mundial Interclube de Basquete com o Esporte Clube Sírio paulista em 1979, e o Pan Americano com a seleção Brasileira em 1987 contra a seleção americana.
É Craque!: Para Oscar, qual seria o time dos sonhos?
Oscar: Aquele de 1992, a equipe olímpica Americana composta por Magic Johnson, Charles Barkley, Karl Malone e Michael Jordan. O verdadeiro Dream Time.
É Craque!: E o maior jogador de basquete de todos os tempos?
Oscar: Magic Johnson e Michael Jordan.
É Craque!: Jogar ao lado destes astros representou o que para você?
Oscar: Ter visto aquele desfile dos maiores jogadores da NBA em Barcelona foi especial, ter feito varias exibições com Magic Johnson na Europa e no Brasil também foi um feito grandioso.
É Craque!: Depois de 32 anos dentro das quadras, você passou a se dedicar em transmitir ao povo brasileiro sua experiência. Como é essa nova aventura em sua vida? É mais fácil dentro de quadra, ou falar para as multidões?
Oscar: É mais difícil na quadra, é claro, mas falar para um público grande, que espera muito de você, não é fácil também. Mas eu faço o mesmo que fiz na minha carreira: treino, treino e treino.
É Craque!: Você acredita que o basquete, ou o esporte, de maneira geral, pode ajudar o Brasil a ser um país menos violento e com mais educação?
Oscar: Quando a maioria das crianças e adolescentes estiver na escola em tempo integral, fazendo esporte, teremos um país melhor. Sem dúvida, é preciso que o Governo melhore nossas estruturas escolares e reveja o papel da aula de educação física.
É Craque!: Na sua opinião, a política brasileira tem trabalhado em prol dessas iniciativas?
Oscar: Muito pouco, infelizmente o esporte ainda não é prioridade para os governos brasileiros.
É Craque!: A Lei de Incentivo ao Esporte é uma boa medida?
Oscar: É um começo, mas ainda está longe de ser o ideal. No entanto, é melhor que nada.
É Craque!: Apesar de ser bem popular, o basquete ainda não é tão difundido no Brasil quanto o futebol. O que você diria para aqueles que gostam do esporte, mas não vêem muita expectativa de sucesso? Vale a pena tentar?
Oscar: Nunca vai ser como o futebol, impossível no Brasil, mas é um esporte que merecia um pouco mais de carinho por parte do nosso povo. Infelizmente não temos resultados com a seleção, e isso é fundamental para que o povo goste.
1 comentários:
Gostei do blog. Excelente. Gostei da entrevista com Oscar, o melhor jogador. Brasileiro vencedor esse. Admiro muito ele. Vi e já assisti uma palestra dele. Divertido, engraçado, humilde e gente super boa.
Abs
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