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"Isso vai ser um pepino"

Por Bruno Félix


O oposto paranaense Samuel Fuchs, 24, atleta da seleção brasileira de vôlei e do time da Ulbra/Suzano/Uptime, desembarcou em Goiânia, ontem no aeroporto Santa Genoveva, para seguir até Anápolis, onde vai participar de uma campanha em uma indústria de medicamentos voltada para a divulgação da importância do esporte na rotina do trabalho. O jogador passou despercebido no saguão do aeroporto, apenas dois fãs lhe pediram autógrafo. Apesar da pouca popularidade, Samuel foi um dos destaques do grupo nas olimpíadas de Pequim e contribuiu significativamente para a medalha de prata.

Lesionado no ombro direito, o oposto só voltará à equipe comandada pelo técnico Bernardinho em março de 2009. "Operei o ombro há dois meses. Estou dando enfoque total à minha recuperação para que seja a melhor possível", destacou. A lesão tirou o atleta da Copa América, competição em que o Brasil ficou com o vice-campeonato ao perder para a Cuba, no mês de novembro. Por causa do problema no ombro, Samuel decidiu rescindir o contrato com o Lokomotiv Belgorod, da Rússia, para se tratar no Brasil e jogar a Liga Nacional.

Em entrevista exclusiva ao É Craque!, entre outros assuntos, o oposto falou sobre renovação na seleção e a conseqüente dificuldade de formar um grupo tão vitorioso quando o da última geração medalhista de ouro em Atenas, de prata em Pequim, totalizando 18 títulos em sete temporadas, na chamada "Era Bernardinho".

É Craque! – Qual é a importância da renovação na seleção?

Samuel – É tudo para manter uma equipe vencedora. Depois de Pequim não tivemos nenhuma convocação. A próxima é só em 2009 e com certeza teremos novidades, com também a saída de alguns jogadores. Isso é o processo natural da vida de todo esportista. O Bernardinho está fazendo um trabalho fantástico, ele já está de olho em novos atletas que despontaram na Super Liga. Acredito que isso é o diferencial para poder dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito na seleção.

É Craque! – Será mais difícil manter o nível?

Samuel - Pois é! Isso vai ser um pepino. Ganhar tudo que o Brasil ganhou nos últimos anos não será fácil. O intuito é trabalhar forte para pelo menos manter o trabalho e a linha que vinha sendo feita. Continuar vencendo e manter o padrão de jogo com certeza vão ser um sacrifício para todo mundo. Estou preparado para fazer parte desse desafio.

É Craque! – Bernardinho vai ter mais trabalho?

Samuel - Vai ser mais complicado. Ficar no topo por muito tempo é super difícil. O problema é que estávamos acostumados a não perder. Agora precisamos aprender que derrotas fazem parte na vida de campeões. Não se pode ter tudo. É preciso saber reconhecer que os americanos foram superiores a nossa seleção e ficaram merecidamente com o ouro. Acredito que o Bernardinho resolveu ficar na seleção justamente para poder ajudar o grupo. Principalmente os mais novos que vão ter que assumir essa responsabilidade. Caso do Murilo, do Bruninho e do pessoal que vai chegar. Acredito que com a experiência dele, com os títulos que ele conquistou vai ser mais fácil o processo.

É Craque! – Sua experiência pode colaborar na chegada dos novos jogadores?

Samuel - Tenho quase quatro anos na seleção brasileira, já não sou um calouro, mas também não sou nenhum veterano. Sou meio termo. Então, para mim será importante esse trabalho de passar um pouco da minha experiência aos que estarão entrando no time. Vou fazer o mesmo que os medalhistas de ouro de Antenas fizeram por mim. Quero fazer parte de uma geração ainda mais vitoriosa.

É Craque! – Ficou algum trauma da derrota para os Estados Unidos na final dos Jogos Olímpicos?

Samuel - Os americanos acabaram sendo o grande adversário do Brasil na competição. Antes dos jogos tínhamos a consciência que eles eram uma equipe forte, mas com certeza, para a população, não eram um dos principais favoritos ao ouro. Foi merecido o título deles, agora é levantar a cabeça e pensar em novos desafios.

É Craque! – É o time a ser batido?

Samuel - Não diria que é o time a ser batido. Existem várias seleções fortes. Ainda acho as seleções da Rússia, Sérvia e Bulgária com um time mais forte que o dos Estados Unidos. Acredito que o processo de renovação deles não é tão bom quanto destas seleções.

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