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"Quero brigar novamente por uma medalha"


Desde a medalha de ouro no salto em distância, a campeã olímpica Maurren Maggi ainda não teve tempo suficiente para aproveitar a glória com a filha Sophia. Entre tantas entrevistas e competições. Em entrevista exclusiva ao É Craque!, por telefone, a campeã contou que se considerava favorita para Pequim - como há oito anos na primeira Olimpíada, em Sydney, em que foi apenas a 25ª colocada. "Fiz minha lição de casa corretamente". Fez e agradou todos os brasileiros.  
 
Com ouro garantido no salto de 7,04m em Pequim, ela se tornou a primeira mulher brasileira a ganhar a medalha dourada em esportes individuais nas Olimpíadas. "É o auge da minha carreira, me sinto totalmente realizada e feliz por ter sido a primeira mulher brasileira a conquistar ouro em esportes individuais", disse emocionada. Ela também falou do período que ficou afastada do esporte por causa de doping e sobre como tenta convencer a  Sophia que o ouro é mais importante que a prata. "Já repeti para a minha filha diversas vezes que a medalha de ouro é a mais importante para um atleta. Aí ela me pede o ouro e a prata", brinca.

É Craque! – Tem como traduzir em palavras o significado da medalha de ouro?

Maurren – É o auge da minha carreira, me sinto totalmente realizada e feliz por ter sido a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha de ouro em esportes individuais em Olimpíadas. Acredito que para qualquer atleta ganhar uma medalha de ouro é o coroamento mágico por tudo aquilo que vem sendo feito nos treinamentos.

É Craque!– A conquista era o que faltava na sua carreira?

Maurren – Com certeza. Depois de tudo que passei no caso do doping agora é tudo tão maravilhoso. Se eu tivesse ganhado o mundial no ano passado seria uma glória diferente, mas nunca igual a uma olimpíada. Não tenho como explicar. Viver aquele momento irá ficar marcado na minha carreira.

É Craque! – O que mais te deixou chateada no caso do doping?

Maurren – Muita coisa. Principalmente eu não poder me defender, parecia que eu era uma criminosa. Por mais que eu tentasse me defender, o resultado não iria mudar a substância estava no meu corpo. Infelizmente o exame deu positivo e tive que ficar parada por dois anos. Acredito que tirei daquele momento aprendizados para o resto da minha carreira.

É Craque! – O ouro em Pequim foi uma resposta?

Maurren – A medalha foi uma resposta para muita coisa. Tive que provar para mim mesma que sou capaz de superar as adversidades. E, claro, foi também um desabafo por tudo que passei. Graças a Deus, consegui o feito e hoje me sinto realizada como atleta.

É Craque! – Pretende ir para os Jogos Olímpicos de Londres?

Maurren – Já estou contando os minutos para sentir novamente meu coração apertadinho de saudades da minha filha e de saber que tem muita gente torcendo por mim. Quero brigar novamente por uma medalha, e para isso vou treinar firme para chegar lá e saltar acima de sete metros novamente, o que pode me colocar novamente no pódio. Não vejo a idade como um problema, estarei com 36 anos e competitiva.

É Craque! – Ficou decepcionada com o quarto lugar no Grande Prêmio de Lausanne, na Suíça uma semana depois das Olímpiadas?

Maurren – Claro que não. Não tive tempo de treinar depois que voltei de Pequim. Fiquei a maioria do tempo atendendo a imprensa. Estou esperando a poeira baixar um pouco para dar continuidade nos treinamentos e na minha vida pessoal.

É Craque! – Você se considerava favorita a medalha de ouro em Pequim?

Maurren – Sim. Os holofotes estavam sempre me focando, mas não dei muita atenção para isso, eu estava muito consciente do salto que eu poderia dar. Fiz minha lição de casa corretamente. Acredito que ter feito de cara o salto de 7,04m acabei jogando a responsabilidade para as demais adversárias. Isso com certeza facilitou, elas tiveram que arriscar mais. 

É Craque! – A Sophia já se acostumou com a medalha de ouro?

Maurren – Ainda não. Já repeti para a Sophia diversas vezes que a medalha de ouro é a mais importante para um atleta. Aí ela me pede o ouro e a prata. Depois vou tentar resolver esse problema, não sei como, mas vou tentar. 

É Craque! – Qual o segredo do seu treinador Nélio Moura, ouro também com o panamenho Irving Saladino no salto em distância?

Maurren – Ele é muito exigente, ético, inteligente, estudado, perfeccionista e cobra sempre nosso melhor nos treinos. Não sei se existe salto perfeito, mas se existir, o Nélio vai fazer a gente saltar.

É Craque! – Você vai ganhar uma estátua em São Carlos-SP?

Maurren – Sim. Ela vai ficar pronta até o fim do ano. É uma homenagem maravilhosa. Diria um sonho na minha vida. Imagina você ter uma estátua só sua. Não tem como explicar a total emoção que estou vivendo neste momento.

É Craque! – É complicado conciliar a carreira de atleta com a de mãe?

Maurren – Sempre quando posso levo a Sophia nas competições. Ela é meio que um amuleto da sorte, um mascotinho para o grupo. O que posso dizer é que ela não me dá trabalho algum, e minhas vitórias são frutos da força que tiro com minha filha. Ela foi minha força para superar o caso do doping.

É Craque! – Pretende algum dia posar nua para uma revista masculina?

Maurren – Não sei ainda. Acho que não tem nada a ver comigo. Admiro muito o trabalho das meninas que já posaram, não é nada pessoal. A minha amiga, a ex-jogadora de basquete Hortência, me disse que eu tenho que tirar a roupa de qualquer jeito, mas sei lá, acho que a Sophia não iria entender nesse momento.

É Craque!– Após o problema passado pela Fabiana Murer, no salto com vara, a campeã olímpica, a russa Yelena Isinbayeva disse que se tivesse visto o problema com a brasileira emprestaria uma vara adequada para aquele tipo de salto. Você acredita nisso?

Maurren – Complicado avaliar este fato. Eu acho que não. Eu disse recentemente que não emprestaria minha sapatilha caso acontecesse comigo. Mas, por exemplo, no Mundial disputado na Suíça, eu emprestei para minha amiga Keila Costa. Claro que era um Mundial, em Olimpíadas a história seria totalmente diferente. Como também já alcancei meu objetivo eu emprestei na boa para ela.

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