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"Minha única estratégia possível é terminar a corrida na frente dele"


"É difícil, mas não é impossível", acredita o piloto Felipe Massa às vésperas da decisão do título Mundial de Fórmula 1, em Interlagos. Em entrevista ao É Craque!, Massa não culpa a Ferrari pela diferença de sete pontos entre ele e o inglês Lewis Hamilton da McLaren. "Somos um time: ganhamos juntos, perdemos juntos", declarou. Sem ansiedade, o piloto espera pelo desfecho. "Não fico ansioso por causa da decisão, durmo sem problemas".

Ficar sem o título não parece uma frustração para o brasileiro, mas não chegar em primeiro lugar em casa... "Ganhar o GP do Brasil tem praticamente a mesma importância de ser campeão", destaca. Massa não lamenta pelos erros passados e reconhece a eficiência de seu principal adversário, o inglês Lewis Hamilton. "Não existe essa coisa de justiça na Fórnula 1. Isso é papo de chorão", afirma. E para os brasileiros, um pedido: "Torçam por mim!".

É Craque! - Você poderia chegar ao GP do Brasil em melhor situação, se não fossem as várias falhas da Ferrari na temporada? Fica uma frustração, Massa?

Felipe Massa - Claro que eu gostaria de chegar à decisão com os sete pontos de vantagem que o Hamilton tem. Mas não se pode ficar olhando para trás e lamentando o que aconteceu. Somos uma equipe. A Ferrari errou, eu também cometi erros, mas não podemos responsabilizar ninguém pelas falhas. Somos um time: ganhamos juntos, perdemos juntos.

É Craque! - A vantagem de sete pontos de Hamilton é injusta?

Massa - Não existe essa coisa de justiça na Fórnula 1. Isso é papo de chorão. O Hamilton está à frente porque ele e a McLaren foram mais eficientes do que eu e a Ferrari, mas isso ainda pode mudar.

É Craque! - Já definiu uma estratégia para superar Hamilton?

Massa - Minha única estratégia possível é terminar a corrida na frente dele. O que acontecer daí para trás não depende mais de mim.

É Craque! - Você está confiante no título? É possível superar a McLaren?

Massa - É difícil, mas não é impossível como já vimos em outras oportunidades. Acho que seremos competitivos em Interlagos e a McLaren também deve vir bem, mas o retrospecto dos últimos anos nos favorece.

É Craque! - Para o duelo final, o jogo de equipe será fundamental. O que você pode esperar do Kimi na decisão?

Massa - Espero que ele ajude a completar a dobradinha da Ferrari. Para quem precisa descontar sete pontos do Hamilton, é claro que a contribuição do Kimi será fundamental.

É Craque! - A decisão da Ferrari em definir muito tarde quem seria o primeiro piloto na disputa pelo Mundial atrapalhou?

Massa - Acredito que não. A política da Ferrari é a de brigar pelos dois títulos, de pilotos e construtores. Quando um piloto deixa de ter chances de chegar ao título, o outro tem a preferência. E isso só ocorreu a partir do momento em que o Kimi ficou de fora da briga.

É Craque! - Em 2007, a diferença era a mesma entre Kimi e Hamilton. Você acredita que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar?

Massa - A decisão do ano passado não foi a primeira que terminou em virada e provavelmente não será a última. Mas, repito, minha primeira preocupação é ganhar a prova, o que já seria uma enorme alegria para mim.

É Craque! - 1991, último título Mundial de Fórmula 1 de Senna. São 17 anos sem um brasileiro levantar a taça. Você se preocupa com números?

Massa - Sei que existe uma ansiedade pela conquista do título, pela tradição que o Brasil construiu na Fórmula 1. Vou fazer o possível para encerrar esse jejum, mesmo sabendo que minhas possibilidades são pequenas se comparadas com as do Hamilton.

É Craque! - Como é ser o primeiro piloto brasileiro, desde Ayrton Senna, a ter condições reais de ser campeão de Fórmula 1?

Massa - Eu me sinto orgulhoso de chegar à última etapa da temporada, em minha casa, com chances de ser campeão. Não sou o favorito ao título, mas vou fazer de tudo para ganhar o GP do Brasil, que para um brasileiro tem praticamente a mesma importância de ser campeão.

É Craque! - Rubens Barrichello sofria com o estresse gerado pela expectativa do público de que ele fosse um substituto do Ayrton Senna. As inevitáveis comparações com Senna também te assustam?

Massa - As épocas eram diferentes. Rubinho estreou na Fórmula 1 um ano antes da morte do Ayrton e virou uma espécie de herdeiro, o piloto por quem o País passou a torcer. Mas o Rubinho correu vários anos por equipes pequenas, sem chance de vitória. Eu peguei uma outra fase, sem tantas cobranças desse gênero.

É Craque! - Como é sua relação com o Michael Schumacher?

Massa - Ótima. Somos amigos, nos falamos sempre, ele me ensinou muito nos tempos em que trabalhamos juntos. Ele vem às corridas de vez em quando, não virá ao Brasil, e continua participando das reuniões com os técnicos. Mas não dá palpites do tipo, essa mola é melhor do que aquela... Ajuda mais nas questões estratégicas.

É Craque! - Quem são seus ídolos na Fórmula 1?

Massa - Não são exatamente ídolos, mas dos pilotos que vi ou trabalhei é claro que o Ayrton e o Schumacher estão acima dos demais.

É Craque! - Você está ansioso? Acredita que vai perder o sono antes da decisão?

Massa - Não fico ansioso por causa da decisão. Na verdade, a noite mais agitada para mim é a da quinta-feira, porque não vejo a hora de chegar a sexta para sentar no carro e acelerar. Nas demais, inclusive do sábado para domingo, durmo sem qualquer problema.

É Craque! - Uma frase de confiança aos brasileiros que vão te acompanhar em Interlagos?

Massa - Torçam por mim, porque já assisti a vários grandes prêmios das arquibancadas e sei como o apoio dos torcedores é importante.

É Craque! - Eles podem esperar o título?

Massa - Podem esperar que vou dar o meu melhor. O resto a gente vê depois...

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