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"Agora a ficha caiu"



A natação brasileira volta a viver bom momento no esporte. E o responsável pela mania é o paulista de Santa Bárbara D'Oeste, César Cielo Filho, primeiro medalhista brasileiro a conquistar medalha de ouro em Jogos Olímpicos. Antes dele, as principais glórias nas piscinas eram de prata, duas com Gustavo Borges (100 m livre em Barcelona-1992 e 200 m livre em Atlanta-1996) e uma com Ricardo Prado (400 m medley em Los Angeles-1984). Mas em Pequim, veio o auge da natação brasileira: a conquista do ouro nos 50m livre com César Cielo Filho. Foram 34 braçadas, nada de respiração e o tempo de 21s34, novo recorde olímpico, deixando para trás os franceses Amaury Leveaux com 21s45 para levar a prata, e Alain Bernard, atual campeão olímpico dos 100 m livre, bronze com 21s49.

Em entrevista exclusiva ao É Craque!, Cielo conta a sensação de ser campeão olímpico, o que veio na cabeça antes de cair na piscina, na prova que lhe deu o status de ídolo nacional e a responsabilidade daqui para frente. Confira na íntegra a entrevista.

É Craque! - Você esperava logo na primeira olimpíada ganhar duas medalhas (ouro e bronze) e superar o Xuxa e o Borges?

Cielo - O meu objetivo sempre foi o pódio nas Olimpíadas e fiquei muito feliz de ter conquistado as duas medalhas. Nunca quis soar metido nem nada, mas estava muito confiante em um bom resultado.
 
É Craque! - Antes de cair na piscina na prova dos 50m livre o que se passou na sua cabeça?

Cielo - Eu só pensei em dar tudo de mim na piscina.

É Craque! - Qual a sensação de ganhar uma medalha olímpica? A ficha já caiu?

Cielo - Agora a ficha caiu. É sensacional ganhar a medalha, subir ao pódio, ouvir o hino e ver meus pais ali. Não tem explicação.

É Craque! - Alguns atletas brasileiros favoritos ao ouro não se saíram bem nos jogos. A questão psicológica pesa?

Cielo - Acredito que o aspecto psicológico conta bastante. Muitas vezes o corpo está preparado, mas a cabeça não. Então é importante ter a mente bem preparada também para colocar em prática tudo que foi feito nos treinos.
 
É Craque! - A figura do Michael Phelps te motivou a buscar o ouro? 
 
Cielo - O Phelps é um excelente nadador que domina suas provas. Tem o corpo e a cabeça em ordem, é preparado para ganhar.

É Craque! - Agora o Brasil vive a "Cielomania". Gostaria que você falasse da importância de formar ídolos no esporte para incentivar mais praticantes.

Cielo - Cielomania é exagero rs... Mas acho muito importante. Eu me espelhava no Gustavo Borges e no Fernando Scherer, queria ganhar como eles. Espero que as crianças agora também tenham vontade de nadar depois da minha medalha.

É Craque! - Faz três anos que você vive e treina nos Estados Unidos. Você acredita que se sua preparação fosse feita aqui no Brasil o resultado nas Olimpíadas seria o mesmo?

Cielo - Sim. Temos muitos nadadores que saíram muito bem treinando no Brasil, como o Thiago Pereira e o Kaio Márcio.

É Craque! - Como você avalia as condições de treino no Brasil? É possível formar um campeão mundial e olímpico em nossas piscinas?

Cielo - As condições de treino são boas e temos bons técnicos, como citei antes, temos o Thiago e Kaio que tem importantes resultados treinando no Brasil. Para mim deu certo lá fora, assim como para eles deu certo aqui dentro. Na verdade temos que ver o que é melhor em determinado momento para cada um. Eu treinei um bom tempo no Pinheiros com o Albertinho e também deu certo. O importante é que todos sempre tenham oportunidade de estar nos campeonatos internacionais, enfrentando atletas de bom nível.

É Craque! – Qual a diferença do treinamento nos Estados Unidos para o brasileiro? Fale também da estrutura e cultura do esporte norte-americana?

Cielo - A cultura de competição deles é muito mais forte do que a nossa, mas a rotina de treinos é muito semelhante. Por exemplo, em Auburn sugerem que perto de competições se evite ter relacionamentos mais sérios, como namoro, para que o atleta mantenha o foco na competição.
 
É Craque! - Qual  sua avaliação sobre o futuro da natação brasileira?

Cielo - Eu acho que essa geração que eu pertenço é maior e já trouxe muitos resultados bons. Espero que daqui para frente a natação cresça ainda mais no país.

É Craque!- Na natação, quais são os seus planos para o futuro? E o que ainda é sonho?

Cielo - Tenho muitos planos ainda. Ano que vem acontece uma das principais competições da natação, que é o Mundial em Roma, o foco é nessa competição. Ainda tenho sonhos, mas esses eu não falo, né?

É Craque! - Você já está preparado para cobranças ainda maiores em torno da sua carreira?

Cielo - Sim. Eu sei que a medalha traz responsabilidades e estou preparado para elas.

É Craque! - Após sua conquista veio a tona o impedimento que o patrocínio lhe dá na questão do namoro. Além de namorar, o que mais o contrato lhe proíbe?

Cielo - Meu patrocínio não me impede de nada. Quando eu entrei na universidade de Auburn e no time de lá, recebi, assim como todos os outros atletas, uma sugestão para que, em época de campeonatos, evitássemos relacionamentos como namoro. Mas de forma alguma é uma proibição, é apenas uma sugestão para que o foco esteja apenas na preparação.

É Craque! - Existe a possibilidade de você voltar a treinar no Brasil?

Cielo - Ainda estou avaliando o que vou fazer. Sei que os próximos meses estou por aqui.

É Craque! - As poucas medalhas brasileiras nas Olimpíadas é o retrato de um país que não investe no esporte?

Cielo - Acredito que estamos melhorando, basta ver o resultado da ginástica por exemplo. Mas seria muito bom que tivéssemos mais investimento sim.

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