“A natação nacional passa por um ótimo momento”

Por Bruno Félix

O ex-nadador Gustavo Borges, um dos maiores ídolos do esporte brasileiro, esteve em Goiânia na semana passada (27 de março) e marcou presença no 6º encontro Goiânia Capital Fitness, que começou na quinta (26) e terminou no domingo (29), no Centro de Cultura e Convenções em Goiânia. O ex-nadador ficou o dia todo no estande dele divulgando o Curso de Metodologia Gustavo Borges, com método de ensino sistematizado para a natação valorizando mais o lado lúdico do esporte e não focar apenas na técnica. “Moldamos um trabalho que pudesse ser agregado a qualquer academia, qualquer instituição e piscina”, define. Em Goiás, já são três academias credenciadas: em Goiânia, Anápolis e Rio Verde.

Dono de duas medalhas olímpicas de parta e duas de bronze e com quatro olimpíadas na carreira, Gustavo Borges hoje acumula a carreira de empresário e comentarista e pode analisar a natação brasileira. Ao É Craque! ele falou de mudanças, evoluções e fez comparações. “A natação nacional passa por um ótimo momento”, observa. Mas pondera ao comparar o esporte no Brasil e nos Estados Unidos: Os EUA é o único país no mundo que tem a condição de ganhar três medalhas de ouro nas provas de revezamento. Aqui não teríamos condições de chegar próximo disso”. 

É Craque!: Qual sua avaliação sobre a natação brasileira?

Gustavo: A natação nacional passa por um ótimo momento. Analisamos isso pela medalha de ouro, bronze e resultados da equipe brasileira nas Olimpíadas, como chegar às finais das provas e a qualidade técnica dessa geração. Vejo um crescimento bastante interessante e que possamos evoluir como equipe e esporte para o próximo ciclo olímpico. 

É Craque!: Qual a diferença da sua geração para a do César Cielo, Thiago Pereira e do Henrique?

Gustavo: Na minha geração tínhamos nadadores no topo da lista a nível nacional como meu caso e do Fernando Scherer, medalhistas em 1996 na Olímpiada de Sydney. Acho que perdíamos em profundidade, a pirâmide não estava adequada. Eu senti que nos últimos oito anos, a base da pirâmide se solidificou e consequentemente a elite também. Hoje o grupo é bem homogêneo.

É Craque!: César Cielo é o melhor nadador brasileiro da atualidade?

Gustavo: Ele é um excelente nadador, tem bela técnica de nado, é um ótimo competidor, que consegue dar resultados em situação de pressão e com certeza é um grande atleta para o nosso futuro e será referência para a próxima geração.

É Craque!: É possível formar um Phelps em piscinas brasileiras?

Gustavo: Temos sim. Talvez não as mais adequadas em termos de competição, mas o atleta precisa estar muito confortável e ficar aqui para conquistar os resultados. Agora não dá para fazer uma comparação com o Michael Phelps, um atleta extraordinário em termos técnicos e de resultados.  Além disso, outro fator que influencia nos resultados dele é ele ser norte-americano.

É Craque!: Então, ser norte-americano já é começar bem na natação? Por quê?

Gustavo: Um bom início, diria assim. Porque é o único país no mundo que tem a condição de ganhar três medalhas de ouro nas provas de revezamento. E o Brasil não teria condições de chegar bem próximo disso.

É Craque!: Qual sua avaliação do caso de doping do Phelps?

Gustavo: Foi um ato infantil que ele teve, infeliz naquele momento. Mas ele tem que ser perdoado, não pode um atleta com o currículo que ele tem ter sido pego fumando maconha e ser crucificado. Ele pagou por isso. Foi feito o correto, Phelps foi punido e repreendido por que não é um ato bacana de um campeão. Todos esperam outra mensagem. 

É Craque!: Curso de Metodologia Gustavo Borges?

Gustavo: Estamos entrando no nosso quarto ano de metodologia Gustavo Gorges, um programa iniciado dentro das nossas próprias unidades, onde moldamos um trabalho que pudesse ser agregado a qualquer academia, qualquer instituição e piscina, que tivesse a intenção de ter um método de ensino sistematizado. Formatamos esse método com alguns princípios-base como a divisões de níveis por cores, nos trabalhos de avaliações, faixa etária e toda operação de piscina como mapa de ocupação, estrutura e capacitação dos professores. No nosso quarto ano já estamos com cerca de 130 academias credenciadas.  Aqui em Goiás, temos em Goiânia, Anápolis e Rio Verde. A feira é uma oportunidade de mostrar um pouco desse produto.

É Craque!: No que isso contribuiu para a evolução do ensino da natação?

Gustavo: Foi uma evolução muito pelo lado pedagógico lúdico. Na época que eu fiz a mesma experiência, era mais tecnicista já focando diretamente nos nados competitivos. Sendo que o ideal é você trabalhar com os dois ao mesmo tempo. Aprendi a nadar com cinco anos e com nove comecei os treinamentos e uma coisa mais elaborada. As academias hoje implementam um lado mais lúdico. Evoluiu bastante. O que César Cielo faz hoje é diferente do que eu e o Xuxa fazíamos. 

É Craque!: O primeiro Livro "Tchibum!"?

Gustavo: É um livro sem palavras e que expressa um pouco a primeira aula de um bebê. Ele tem muito haver com a metodologia. A ideia era fazer a primeira aula de natação de uma criança. É uma leitura criativa para as mães e filhos. É possível identificar o nado cachorrinho e outros. É possível contar histórias para os filhos. Trouxemos a metodologia para um livro. Ele tem a função lúdica de um professor acompanhar nas aulas, mas não de dar todos os subsídios técnicos para uma aula. É um livro infantil com a participação dos filhos e mães, para público infantil de 0 a 6 anos, que foi lançado no início da semana passada em São Paulo e agora em todo o Brasil.