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Em Goiás, os "times de verão" entram de férias


Quando chega o fim do Campeoanto Goiano muitos clubes do estado fecham suas portas visando a próxima temporada. É isso mesmo! Os clubes menores ficam exatamente nove meses parados no departamento profissional, e seus jogadores tomam rumos diferentes, alguns são emprestados e outros são dispensados. O fim do goiano significa esquecimento para os clubes chamados de pequenos.

A única exceção fica por conta do Anapólis que continua na briga pelo título do goianão. O time enfrenta o Goiás nas semifinais, como venceu o primeiro jogo por 3x1 tem tudo para permanecer como o azarado na opinião dos dirigentes. Para os clubes que ficaram fora da briga resta apenas um possível convite para disputar a série C. Caso este convite não apareça, o time acaba por fechar completamente a categoria de profissionais.

Segundo o presidente do Jataiense, Evaristo de Paula, este fenômeno tem nome: "são os chamados times de verão. Os clubes fazem um planejamento para o campeonato e, logo após, inicia-se a desmontagem do elenco".

Outro problema bastante comum segundo o presindente é a falta de apoio ao clube. "Os torcedores e empresários querem resultados positivos, mas não contribuem", afirma. Ele aponta uma solução para melhorar a situação dos times: "É necessário que a Federação Goiana de Futebol tome a iniciativa de realizar outros campeonatos paralelos". Sobre a campanha do Anapólis, Evaristo diz que o time é semelhante a um "aborto, time de pouco investimento e que deu certo", finaliza.

O presidente do Anapolina, Fred Paraíba, também confirma a falta de apoio da Federação, que para ele seria a solução para os clubes. "Ficar parado reduz o número de torcedores do time, e isto significa cair as rendas. Com este descaso a tendência é os pequenos clubes sumirem".

A falta de um campeonato mais forte e organizado leva alguns presidentes ao cansaço do cargo. É o caso do presidente do Mineiros, Reginaldo do Vale, que disse que vai reunir a diretoria para decidir o seu sucessor. "Estou cansado, mexer com time sem dinheiro é bastante complicado. Estou há dois anos no cargo, e os clubes inferiorizados sofrem pela falta de apoio".

Outro clube que já fechou suas portas é o Trindade. Segundo o presidente, Mauri Rios, apenas as escolinhas e a categoria de base vai permanecer com os trabalhos. "Os jogadores do profissional foram todos dispensados e alguns emprestados". Ele aproveita para desabafar: "o campeonato é feito para os grandes, muito monopolizado, não sei como o Anapólis chegou. A Federação não tem interesse nenhum em manter os clubes do interior em atividade".

O Crac também espera um convite para disputar a série C do campeonato Brasileiro. No clube, todos os jogadores já foram dispensados. "Caso o time não participe da Série C voltaremos aos treinos em dezembro de 2008", afirma Roberto Silva, gerente de futebol.

O presidente da Federação Goiana de Futebol, André Pitta, disse que a falta de campeonato para os clubes do interior é um problema que os times também não buscam uma solução. "Já iniciei uma conversa para criação de um novo campeonato, mas na hora de confirmar os clubes envolvidos no pedido não apareceram". Ele explica o motivo do desinteresse. "Tudo se resume a diminuir os custos, muitos clubes iniciam o campeonato rezando para chegar o fim", desabafa.

Agora, o que resta aos clubes é investir nas categorias de base.

3 comentários:

Consumindo Realidade disse...

Nem sempre paixão por um esporte significa que o clube sobreviverá. Até porque a paixão nesse caso precisa de dinheiro para existir.
Bem que poderiam acontencer durante o ano campeonatos regionais. Como copas no nordeste goiano, sudeste, centro-sul, entorno, para que as equipes tenham motivo para sobreviverem em meses de Brasileiro, ao qual muitos nem chegam a participar.

. disse...

Isso é um fato que não se restringe só a Goiás. Em todo Brasil a maioria dos clubes fica parada no segundo semestre. Talvez isso possa vir a ser um argumento para a criação da tal série D.

Mas no caso de Anapolina e Anápolis é complicado, clubes de uma cidade com mais de 300 mil habitantes e com grandes laboratórios farmacêuticos que não tem parceiros em suas campanhas, mostra no mínimo um desinteresse local, uma vez que os mesmos laboratórios já patrocinaram os clubes da capital. O Anápolis ainda se salva, porque tem "peixe grande" que coloca dinheiro ali, mas não pela questão PATROCÍNIO em si. E não é por falta de visibilidade, afinal, a Anapolina ficou no mínimo 3 anos agonizando na Série B do Brasileiro sem que alguém investisse no clube.

Se houvesse calendário para as equipes que NÃO participam de nada no segundo semestre, podemos ter certeza que seriam campeonatos de péssimo nível técnico e que talvez tragam mais prejuízos do que benefícios, afinal, esses clubes não tem recursos pra se manter um semestre, quanto mais dois.

Unknown disse...

Bruno, vejo que em Goiás, de fato, a evidência do campeonato goiano se materializou nas últimas temporadas. Entendo que as transmissões pela TV permitem visibilidade e melhora a participação do torcedor nos estádios. Um processo: mais torcedores, mais renda, mais investimentos no esporte. Entretanto, faz-se necessário ressaltar o interesse apenas comercial de muitos times, leia-se empresários. Não se forma equipes para períodos longos, mas apenas para destacar jogadores que serão vendidos com resultados astronômicos que enchem o bolso de empresários que desconhecem a paixão pelo futebol de muitos torcedores. Se esta é uma realidade brasileira, talvez explique a decadência de muitas equipes que no passado formaram legiões de fãs. Goiás, pela falta de tradição do futebol, no cenário nacional, mereceria ter diretores, empresários do futebol preocupados com o nosso futebol que ainda se apresenta como da periferia, fora dos grandes centros, apesar do potencial. Até eles - presidente, diretores, empresários, teriam a ganhar.

Antonio.