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É gol na mesa



Em vez de gramado, uma mesa. No lugar de jogadores, botões. De brincadeira na infância, o futebol de botão, ou melhor, como corrigem os apaixonados, o futebol de mesa, virou esporte e é levado a sério por muita gente que treina e compete por clubes espalhados pelo País. Em Goiás, a modalidade ainda está engatinhando, são quatro clubes: Afumeg, Atlético, Agine e Goiás e uma Federação Goiana criada há apenas dois anos, com 33 filiados. Mesmo com pouca experiência no esporte, nada impede a participação dos goianos em campeonatos regionais e nacionais. E desde a chegada do esporte a Goiás, há 14 anos, a participação só vem aumentando. O Atlético é pioneiro no futebol de mesa no estado, tendo disputado três torneios Centro-Oeste e três Brasileiros. A melhor colocação foi um oitavo lugar, nada que desanime a equipe. "A intenção em participar desses torneios é aprender com os grandes centros: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais no cenário de três toques", conta o coordenador do Atlético-Go, Carlos Eduardo, conhecido como Carlão entre os jogadores de futebol de mesa.

Os botonistas formam uma comunidade que pouco aparece na mídia, mas é composta de aficcionados fervorosos. Nos campeonatos, eles não hesitam em percorrer grandes distâncias, muitas vezes de ônibus, e gastam do próprio bolso para exercer sua paixão. O presidente da Federação Goiana de Futebol de Mesa, Waldomiro Kairalla Riemma, 47 anos, jogador de botão do Goiás, tem como objetivo incluir o esporte nas escolas públicas. "A modalidade colabora na formação do caráter e habilidade manual", justifica Riemma que além de presidente, participa de campeonatos. "Se não pudesse jogar eu não seria presidente", brinca.

A paixão é de pai para filho, e como não poderia deixar de ser, o filho de Waldomiro, Ricardo Alves Riemma, 18 anos, que também defende o Goiás, tem no seu currículo, o título goiano de 2007 e um excelente sétimo lugar no Brasileiro de 2007 na categoria de 12 toques. "Em 1997, meu pai comprou todo o material e fez nossa primeira mesa, logo depois, ganhei meu primeiro time de botão. O amor pelo esporte começou nessa atitude", diz. Num jogo de botão não existe jogo perdido. "Uma partida de futebol de botão é equilibrada, tudo muda, não é porque o primeiro tempo terminou em 5x0 que o jogo está decidido. É um esporte de muitos gols e de muito estudo tático", conta.

Quem também não abre a mão de uma partidinha é o coordenador do Atlético-Go, o Carlão. "A expectativa é popularizar mais o esporte em Goiás com bons resultados". Ele ainda aproveita para destacar o jogo como uma maneira de aproximar toda a família numa partida saudável. "É muito gostoso disputar um campeonato ao lado de um filho, sobrinho e irmãos. Classifico com um vício muito gostoso, que como qualquer esporte precisa ser dosado", destaca.

Em comum, todos concordam que um dos principais aprendizados do futebol de mesa é o respeito e a convivência, especialmente entre gerações. O respeito é necessariamente importante porque as partida muitas vezes não contam com um árbitro. Os jogadores até podem solicitar um juiz, mas isso é pouco comum e visto como um gesto indelicado. "É um esporte nobre, de jogadores que se respeitam dentro da mesa. Não existem provocações no decorrer de uma partida, até mesmo os gols são comemorados de maneira contida", diz Carlão.

REGRAS

O futebol de mesa enfrenta um sério obstáculo: a diversidade de regras pelo Brasil. A diferença entre as principais normas (Baiana, Carioca e Paulista) começa no número de toques. Na baiana, é permitido apenas um toque na bola. Na carioca, três, na paulista, praticada na maioria dos campeonatos oficiais, doze. Mas as diferenças não param por aí. A possibilidade de mover os jogadores, trazê-los de volta ao campo e chutar ao gol também variam, assim como dimensões do campo e da mesa, tempo de jogo etc. Na regra carioca, por exemplo, um jogador pode ficar em posição de impedimento se estiver mais próximo da linha de fundo do adversário do que a bola.

Nos campeonatos de futebol de mesa, uma equipe é formada por quatro pessoas. Cada uma delas disputa uma partida. Assim, o resultado final é a soma das vitórias de cada componente da equipe. O time vitorioso só será conhecido após a disputa de quatro partidas, 200 minutos de "bola rolando".

Mas o que há de comum em todas as regras é a presença de dez botões e um goleiro de forma retangular. Os jogadores só podem ser movimentados em direção à bola com pressão de uma paleta sobre eles, exceto o goleiro. A analogia ao futebol de campo é o que norteia a maior parte das regras, do formato da mesa às metas e objetivos, passando pela divisão da partida em dois tempos, só que de duração menor: 25 minutos cada um. Independente das diferentes regras, o que é igual em todas as partidas é o grito de gol.

1 comentários:

Fred Leão disse...

Que pauta boa!
Mesmo não tendo simpatia por futebol e ainda menos talento para o futebol de mesa, achei ótimo o texto. Muito massa saber disso.