Febre Kung Fu em Goiânia

O Kung Fu, arte marcial chinesa, vem crescendo na Capital e trazendo resultados cada vez mais expressivos. No próximo dia 15, nove atletas goianos estarão embarcando para a cidade de São José dos Pinhais-PR e levam na mala a esperança de conquistar o Campeonato Brasileiro da modalidade. Segundo o presidente da Federação Goiana, João Batista Soares, o número de competidores poderia ser bem maior, mas a falta de incentivos e apoio congelou o nome de dez atletas. "Faltam políticas públicas para valorizar a modalidade. Por causa de passagens, muitos atletas estão fora", lamenta João, que fez questão de ressaltar que os que vão estão assumindo boa parte da despesa.

É o caso do pentacampeão brasileiro de Kung Fu Wushu, Krishna Raza, e atual campeão brasileiro de 2007. Raza conta que para participar da competição precisou vender o próprio carro para conseguir o dinheiro necessário para as despesas. O diferente nome do atleta goiano é de um deus indiano, cujo significado tem a ver com arte, beleza e outras virtudes. Além do Campeonato Brasileiro, no Paraná, entre os dias 26 e 6 de novembro Raza estará representando Goiás no 3º Mundial Tradicional, perto das montanhas de Wudang, na China.

Raza tem 34 anos e começou a lutar aos dez. Experimentou primeiro a capoeira. Depois foi a vez do Karatê. Não deram certo. "Na verdade procurava uma arte marcial que completasse o meu espírito", justifica o pentacampeão. Enfim, aos 15 anos ele conheceu o Kung fu, arte marcial com mais de quatro mil anos de idade. "A partir de então, iniciei um treinamento rigoroso de movimentos básicos da luta", explica.

Depois disso, Raza foi acumulando títulos regionais, estaduais, nacionais e internacionais. Hoje, ele compõe a Seleção Brasileira de Kung Fu Wushu, além de dar aulas da modalidade. O lutador conta que a arte é um sistema de luta desenvolvido na China. Os estilos surgiram das observações dos animais e também através de outras metodologias.

Preconceito

Segundo Luciana de Assis, 23, namorada de Raza, e amante da modalidade há quase quatro anos, o esporte ainda sofre com o forte preconceito. Ela disse que as pessoas confundem o praticante de Kung Fu com um "brigão". "Mas, já na primeira aula aprendemos a parte filosófica e a evitar brigas", defende. Ela conta que a modalidade tem tudo para ter um reconhecimento maior por causa da novela das seis da Globo, Negócio da China. "Acredito que isso vai dar uma força", destaca Luciana, que estará representando Goiânia no Campeonato Brasileiro e que começou a lutar após ter conhecido o namorado.

Quem também lamenta a falta de "conhecimento" é o bicampeão na categoria Formas (luta imaginária) Pedro Henrique, 24. Ele começou a lutar há 14 anos incentivado por filmes do Bruce Lee e por mangá (desenhos japoneses). Ele aposta na divulgação da modalidade já em 2009. "Estamos perto de tornar a a luta em um esporte olímpico, o que dará mais visibilidade e vai gerar mais leitura sobre o Kung Fu", sonha o goiano que estará em São José dos Pinhais, no próximo dia 15.