Em todos os fins de semana em Goiânia, no morro do setor Jardim Petrópolis, tem Grande Prêmio. Mecânicos e pilotos fazem reconhecimento de pista e acertam os últimos detalhes nos carros que vão competir. É a preparação de um circuito de rua para a corrida de carrinhos de rolimã. A brincadeira vem ganhando cada vez mais espaço nas ruas da capital e já faz parte da vida de alguns apaixonados pelo esporte. É o caso de Willian Oliveira, 27, microempresário, que conheceu a modalidade há um ano por intermédio de amigos e hoje não se vê mais longe das pistas. "Foi só andar a primeira vez que fiquei apaixonado", confessa.
E a paixão é compartilhada com 25 amigos, que se unem aos fins de semana para se divertirem na ladeira da Avenida Corcovado. Eles realizam corridas que chegam até 70 km por hora. "Loucura! Fechamos a rua e estamos conseguindo ressuscitar o brinquedo que era bastante utilizado por nossos avôs", lembra Willian. Ele contou que conseguir o espaço para andar de carrinho de rolimã foi bastante complicado. Mas, por ajuda de um candidato a vereador foi concedida aos amantes da modalidade a permissão para andar todos os fins de semana na ladeira. "A rua é morta e a descida lá permite a diversão", explica.
A curiosidade é que a comunidade local não se importa com o encontro dos fanáticos por velocidade. Segundo Luiz Carlos dos Santos, 49, morador do local, ele conheceu o esporte após ter ido à pista e ter visto algumas crianças brincando com carrinhos feitos de madeira. Dias depois, ele viu a brincadeira ficando mais moderna (rolimãs feitos de ferro e com guidon de bicicleta) e não teve dúvidas: "entrou na onda". "Vale a pena ver a habilidade dos garotos dando o 360º com os carrinhos. Não ando de rolimã, mas faço parte do grupo puxando os carrinhos", diz Carlos.
Willian confirma que o grupo nunca sofreu nenhum preconceito no bairro e que a participação gera popularidade aos pilotos. Ele conta que quando começou a correr não conhecia ninguém. "Hoje conheço quase todo mundo no setor. O legal é saber que a população vê a brincadeira e não marginaliza os corredores", comemora. O amante aproveita para lembrar que graças ao incentivo e popularidade já correu várias vezes machucado. "Sou cheio de cicatrizes e mesmo assim vou continuar correndo enquanto tiver forças".
Barato
A construção de um carrinho de rolimã geralmente é artesanal. O carrinho pode conter três ou quatro rolimãs (quase sempre rolamentos usados, dispensados por mecânicas de automóveis) e é constituído de um corpo de madeira ou aço, com um eixo móvel na frente, utilizado para controlar o carrinho enquanto ele desce pela rua. Alguns inovam e colocam um volante pregado no eixo. O freio deve ficar em posição diagonal debaixo da tábua, para que ao puxá-la, ele encoste-se ao chão e pare o carrinho. Cada piloto é o construtor e mecânico do próprio carrinho de rolimã. "Com 80 reais é possível montar um equipamento show de bola", garante o microempresário Willian.
Não se sabe ao certo quando surgiu o carrinho, mas o fato é que com o crescimento das cidades, esse tipo de brinquedo foi sendo abandonado. Carlos dos Santos conta que para muitas crianças este foi um grande sonho de infância. E não apenas porque descer a ladeira dá uma sensação de liberdade, mas construir o próprio carrinho de rolimã é como poder ver na obra as mãos daquele que o criou, com todos os traços que só ele sabe. "E também o genial é poder aprender uma arte que atravessa gerações, de pai para filho, irmão para irmão, tio para sobrinho, e contribuir com a roda da tradição", diz.
Aprenda a fazer:
Pegue uma tábua medindo 30 centímetros de largura por 1,25 metro de cumprimento. Corte em ângulo as extremidades e está pronto o chassi. Em seguida, pegue dois pedaços de madeira, com cerca de 50 centímetros de cumprimento por seis de largura. Para a direção e fixação do parafuso, a madeira deve ser um pouquinho maior. Faça um furo no meio, do lado em que foram cortadas as extremidades, de modo que caiba um parafuso com porcas. Melhor usar duas porcas para evitar que a direção fique bamba.
Pegue as rolimãs (rolamentos), de no mínimo cinco centímetros de diâmetro, e vá aperfeiçoando as pontas do eixo traseiro até que as rolimãs se encaixem. Os rolamentos devem possuir bolinhas, porque outras não agüentam. É de fundamental importância colocar freios, podem ser alavancas laterais com borracha (pneus) nas pontas ou de borracha, também de pneus, na barra de direção. Por fim, coloque o parafuso e as porcas, e o carrinho de rolimã está pronto.
Esse é o modelo básico. Por segurança, também é importante colocar um encosto na parte traseira do carrinho ou ainda construir um banco, parafusando assento ao chassi.
1 comentários:
Ótimo isso. eu não poderia imaginar que existisse carriho de rolimã tão profissional. Mas o ângulo dessa foto, hein. ahahahaha.
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