Para começar a carreira bastaram uma bicicleta e o talento. Logo na primeira prova ela ficou entre as primeiras colocadas e despertou o interesse de patrocinadores. Ainda bem. Se não fosse isso, jamais, aos 18 anos, Janildes Fernandes já seria considerada uma atleta de alto nível, conquistando títulos internacionais, como o bronze no Pan-Americano de Winnipeg, em 1999, Canadá. O investimento não parou. A ciclista foi treinar na Itália. Gastou e ainda investe - muito - para hoje ser reconhecida pelo esporte que pratica. São R$15 mil mensais. Em ano olímpico o valor dobra. "São gastos necessários para se manter na ponta. Se reduzir os gastos não tenho bons resultados", analisa a ciclista.
Assim como Janildes, outros fenômenos do esporte, principalmente os individuais, gastam rios de dinheiro para se manter no auge. Afinal, se isso não acontecer, os patrocínios minguam e aquele que um dia foi ídolo pode terminar apenas nas páginas de jornais antigos e na lembrança dos mais apaixonados. Para continuar os planos e só se aposentar em grande estilo, o negócio é correr atrás e se manter em forma. Fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos, equipamentos, hospedagem, alimentação são gastos básicos.
No Triatlho, o goiano Santiago Ascenço, considerado um dos destaques da modalidade nacional, gasta R$ 120 mil por temporada. Dinheiro esse que também vem de patrocinadores. Com vários títulos importantes na carreira como o tricampeonato brasileiro e bicampeão mundial júnior da modalidade, Ascenço reclama que as premiações no Brasil são muito baixas e não mantém um atleta de alto nível. "Na minha realidade compensa. Tenho apoio financeiro que me ajuda nas competições. Mas para quem está começando os valores são muito irreais", diz o triatleta.
Há esportes em que os custos são ainda mais astronômicos. Para um piloto chegar à Fórmula 1 o investimento é de aproximadamente três milhões de dólares. Nelsinho Piquet, da Renault, por exemplo, seguiu os caminhos mais recomendados, mas nem por isso baratos. Foram oito anos de kart, quase dois na Fórmula 3 Sul-Americana, dois na Fórmula 3 Britânica e mais duas temporadas na GP2. Nesse tempo todo, ele contou com o apoio de patrocinadores e do pai, Nelson Piquet, três vezes campeão do mundo, responsável pela montagem de equipes para o filho em todas as categorias, exceto a Fórmula 1.
Ainda assim, não é só de dinheiro que se constrói uma carreira esportiva vitoriosa. Talento continua sendo fundamental. A verba pode não vir dos prêmios, mas sempre haverá aquele patrocinador que acredita que a propaganda é a alma do negócio e estará disposto a injetar dinheiro na imagem de um atleta com potencial para ser de alto nível.
As fotos do É Craque! são todas de divulgação
O preço do alto nível
Postado por Bruno Félix às 09:10
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