Por Bruno Félix
O vai-e-vem dos técnicos já faz parte da cultura do futebol brasileiro. Alguns saem dos clubes como heróis e outros como vilões. Foi o caso do ex-técnico do Vila Nova, Givanildo Oliveira. Sonho antigo da diretoria, ele chegou no início de abril do ano passado credenciado por ter no currículo quatro acessos para a Série A. Ele até que começou bem. O time dava sinais que estaria classificado para a elite do futebol. Dava. Nem mesmos os números que apontavam o Vila com 89% de chances para se classificar adiantou. Givanildo caiu junto com o time nas últimas rodadas. Sem um esquema tático definido e com muitas variações – às vezes utilizava o 3-5-2, outras, o costumeiro 4-4-2 – o previsível Vila sucumbiu e saiu da vice-liderança da Série B para a sexta colocação com 58 pontos conquistados. E o sonho ficou adiado até o início da competição deste ano.
No Goianão, os erros foram ainda mais desastrosos. A diretoria dispensou vários jogadores. Entre eles, os destaques da campanha do Brasileiro. Caso do volante Heleno, do goleiro Max, do zagueiro Carlinhos, dos meias Alex Oliveira e Reinado, e principalmente do atacante Túlio Maravilha. Um novo time foi montado. Chegaram as apostas de Givanildo. Os meias Rosembrick, Luciano Ratinho e Canindé e os atacantes Galvão e Vanderlei. Outros nomes chegaram ao elenco, porém menos badalados. Os erros continuaram acontecendo. O Vila não realizou nenhum amistoso preparatório. Na estreia contra o Atlético ficou evidente a falta de condicionamento físico dos jogadores. Isso, mais a falta de entrosamento renderam uma derrota por 2 a 0. Naquele momento, a torcida já pedia sua cabeça. Começava o inferno astral na vida de Givanildo.
A diretoria resistiu aos pedidos e manteve o comandante. O esforço teve como presente a vitória sofrida contra o Santa Helena por 4 a 3 na rodada seguinte. O resultado serviu para ele realizar algumas alterações no time titular. Ele começou a dar ouvidos aos torcedores e escalou o volante Leandro e o meia Pereira no time. No entanto, nada mudou. A próxima partida seria a sua despedida. A derrota por 1 a 0 para a Aparecidense na terceira rodada do Goianão foi a gota d'água. Ele não aguentou e entregou o cargo. Ao todo foram quase dez meses à frente do Tigre, em 41 partidas: 18 vitórias, 7 empates e 16 derrotas. Para substituí-lo, foi contratado o treinador Gilson Kleina. Depois disso, a torcida só teve desgosto. Na primeira partida, empate em casa com a Anapolina em 2 a 2. O golpe de misericórdia. Quatro dias depois, pela frente o arqui-rival Goiás. Era o clássico de divisões de água. Um massacre. Foi a história da partida. O esmeraldino impiedosamente aplicou um vexatório 6 a 1 – a maior goleada da história entre os dois times - e disparou na liderança do grupo B. Mesmo sem brilho, nas rodadas seguintes o Vila foi dando a volta por cima. Nada que garanta o clube na próxima fase da competição.
Agora, o oposto: o técnico Mauro Fernandes do Atlético. No ano passado, ele foi contratado para subir o Dragão para a Série B. O grupo era o mesmo do fracasso de 2007. Jogadores problemas, panelas e falta de disciplina. Fernandes chegou e deu uma cara para o grupo. Apostou no atacante Marcão. Tudo deu certo. O time fez a melhor campanha da Série C de 2008 e subiu por antecipação. O futebol apresentado já encantava. No início do ano a preparação foi bem feita. Muitos amistosos. Contratações seguras, caso do meia Elias. Tudo isso credenciava o rubro-negro ao título do Goianão.
A cada rodada, Goiás e Atlético se alternavam na liderança do Grupo B. No clássico contra o Vila, a surpresa. Mauro Fernandes anunciou que estava deixando o clube. Ele recebeu uma proposta de salário de R$ 80 mil, o dobro do que era pago pelo rubro-negro. Outro fator decisivo na escolha foi a disputa da Copa Sul-Americana e Copa do Brasil, além do Brasileiro Série A, o que lhe promete mais visibilidade. Ele chegou ao Atlético no mês de maio de 2008 e comandou o time na conquista do bicampeonato da Série C. Ao todo, foram 45 jogos, sendo 39 partidas oficiais e seis amistosos. Conquistou 30 vitórias, nove empates e seis derrotas. Saiu do clube e deixará saudades para os torcedores atleticanos.
O futebol é assim. Quando não se sai como um herói, se sai como vilão. Dois exemplos aqui mesmo de Goiânia ilustram o que acontece no país da bola. O Brasileirão da Série A de 2008 atingiu a impressionante marca de uma troca de técnico por semana, durante suas 38 rodadas. A "dança de técnicos" teve 28 trocas no total, o que deu uma média de uma demissão ou saída de técnico a cada 7,5 dias do campeonato nacional. Para os treinadores mais otimistas não custa nada rezar para que a má fase não apareça, ocasionando um acréscimo ainda maior nas estatísticas.
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