Bruno Félix
Foi com lágrimas que o presidente do Comitê Executivo da Copa do Mundo 2014 (Coexgyn), Barbosa Neto, acompanhou o fim do sonho de Goiânia sediar o Mundial no Brasil, ontem, na sede do Coexgyn, ao assistir ao anúncio feito pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, em Nassau, nas Bahamas, durante reunião da entidade. As 12 cidades foram divulgadas por ordem alfabética. Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo vão receber os jogos da Copa. "Infelizmente a oitava posição no ranking do futebol da CBF perde para a 22ª (Cuiabá-MG). Enfim, política e futebol é uma caixa de surpresa", lamentou Barbosa.
Antes do anúncio, o clima era de otimismo pelo vários pontos favoráveis em relação às concorrentes. Goiânia depositava todas as fichas na representatividade política; na proximidade com Brasília; na força do futebol; no Estádio Serra Dourada; em ser a segunda cidade mais arborizada do mundo, perdendo apenas para Edmonton, no Canadá; em vir a ser a primeira cidade brasileira a ter 100% do esgoto tratado, despoluindo assim os mananciais que cortam a capital e na parceria com o banco Itaú, que também patrocina a seleção brasileira. Mas no fim, a decepção e a surpresa: "Não sei como algumas cidades anunciadas têm mais qualidades de que Goiânia para compor a lista das 12 escolhidas. Nossa capital tem mais futebol que Cuiabá. Só o Blatter e Deus para responder porque eles foram escolhidos.
Mas o secretário estadual de turismo é enfático ao afirmar que Goiás vai participar da Copa e partirá a partir de hoje para um plano B, buscando outras maneiras de deixar os goianos sentirem o gostinho da Copa na capital. "Queremos agora sediar tudo que for possível. Se não pôde ser os jogos oficiais do Mundial, que sejam partidas pelas eliminatórias, Copa das Confederações e outras solenidades", cobra Barbosa.
Revolta e sentimento de injustiça à parte, Barbosa Neto acredita que não foi em vão todo o empenho na luta por fazer Goiânia ser uma cidade-sede da Copa do Mundo. Foram gastos R$ 1,3 milhão na licitação do projeto de reforma do Serra Dourada e na campanha pró-copa, entre investimentos publicitários e criação dos projetos requeridos pela Fifa. Barbosa garante que o Serra Dourada será reformado, bem como o autódromo e o aeroporto, além da construção de um novo parque agropecuário. "Com a Copa, faríamos 30 anos em três, agora vamos lutar para fazer 30 anos em cinco", prevê.
Mesmo tentando ver o lado bom de tanto esforço, ele não deixa de acrescentar: "Porém, é um momento de dor. A vontade agora é de chorar, brigar, mas não faz parte da maturidade de um homem com a minha experiência". Barbosa não consegue entender os critérios usados e questiona se foram todos técnicos. "A culpa de estarmos fora são dos critérios da Fifa, equivocados em algumas questões. Tecnicamente não foi a melhor decisão. A cidade mais bem preservada do país está fora, o oitavo melhor futebol brasileiro está fora, a oitava maior economia do Brasil está fora. Tirar Goiânia e deixar Cuiabá e Natal foi uma injustiça", declara Barbosa indignado.
Entrentato, ele não acredita que foi a questão política que influênciou na escolha das 12 cidades-sedes e evitou citar culpados no fracasso da candidatura de Goiânia. "Não há culpados. Temos força no cenário nacional com o presidente do Banco Central Henrique Meirelles, com o senador Marconi Perillo, com o prefeito Iris Rezende e, principalmente com o governador Alcides Rodrigues, que foi um guerreiro na nossa candidatura", declarou. No final, ele desabafou. "Goiânia é uma cidade que vem sendo discriminada ao longo do tempo, então a população fica que nem gato escaldado com medo de água fria", concluiu.
"Foi como um novo Maracanazo"
Após o anúncio das doze cidades-sede, o Governador de Goiás, Alcides Rodrigues, por meio da assessoria de imprensa, informou se sentir decepcionado e frustrado. Ele fez uma comparação do momento vivido com a maior decepção da história do futebol nacional. "Foi como se estivesse na final da Copa do Mundo de 1950", em referência à derrota por 2 a 1, para o Uruguai, em pleno Estádio Maracanã.
Alcides Rodrigues assistiu ao anúncio do Palácio das Esmeraldas. Ele havia acabado de chegar de Pirinópolis, onde acompanhou as Cavalhadas. O Governador elogiou o trabalho do Coexgyn, da imprensa e de toda a população, mas não comentou sobre as cidades escolhidas.
"Vamos esperar as explicações"
O prefeito Iris Rezende, em nota divulgada à imprensa, cobrou da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) uma explicação sobre a exclusão da cidade. "Tenho amplo respeito pelas 12 capitais escolhidas pela Fifa, mas não há a menor dúvida de que a capital dos goianos foi injustiçada diante de critérios que se revelaram frágeis, confrontando aspectos técnicos e políticos". A princípio, estes parâmetros seriam o potencial do futebol estadual (Goiás ocupa a 8ª colocação no ranking da CBF), a infraestrutura para receber os turistas e o clima adequado para os jogos no meio do ano.
O prefeito concluiu que, se estes fossem os critérios adotados, Goiânia estaria na lista divulgada. "O Governo do Estado e a Prefeitura atenderam a todas as solicitações da Fifa e não mediram esforços para que nossa capital estivesse entre as sedes da Copa do Mundo de 2014".
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