Bruno Félix

Já se foram um ano e sete meses desde o anúncio oficial do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e, amanhã, às 15 horas, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, durante a reunião do Comitê-Executivo da entidade em Nassau, nas Bahamas, colocará um fim no mistério e anunciará as 12 cidades-sedes escolhidas. Caso Goiânia seja escolhida, será preparada uma carreata. Algumas capitais já são cartas marcadas: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Curitiba e Fortaleza. Belém e Manaus disputam na região amazônica. No pantanal, os jogos ficarão entre Cuiabá e Campo Grande. Três capitais disputam a última vaga: Florianópolis, Natal e Goiânia.
Para ficar com uma das vagas, a candidatura de Goiânia aposta na representatividade política; na proximidade com Brasília; na força do futebol, oitavo colocado no ranking da CBF; no Estádio Serra Dourada, considerado o sétimo melhor gramado do Brasil. Outros pontos também contam a favor: a capital é a segunda cidade mais arborizada do Mundo, com mais de 5 mil hectares de área contínua de mata, em parques e reservas ambientais, perdendo apenas para Edmonton, no Canadá; será a primeira cidade brasileira a ter 100% do esgoto tratado, despoluindo assim os mananciais que cortam a capital, além da parceria com o banco Itaú, que também patrocina a seleção brasileira. A instituição financeira vai desembolsar R$ 200 mil para apoiar a capital, que é a única do país a contar com receita do banco.
Além disso, foram apresentados e enviados a Fifa, na última sexta-feira (22), na sede do Comitê Executivo da Copa do Mundo 2014 (Coexgyn), 26 projetos prioritários previstos em nove áreas: infraestrutura turística, saúde, transporte e mobilidade urbana, esporte e lazer, rede hoteleira, meio ambiente, segurança, saneamento básico e energia. Caso seja escolhida, a cidade receberia benefícios de infraestrutura na ordem de R$ 3 bilhões – valor que viria através de parceria público-privada. "Somos candidatos fortes e temos uma candidatura sólida e projetos que estão em andamento", disse Barbosa Neto, presidente do Coexgyn. No dia do anúncio, os membros do Coexgyn se reunirão na sede da entidade, no Setor Sul. Caso Goiânia seja escolhida, será preparada uma carreata, a partir das 17 horas, saindo do Estádio Serra Dourada.
A cereja do bolo

O projeto de reforma do estádio Serra Dourada, orçado em R$ 180 milhões, prevê as adequações às exigências da Fifa. Mas a redução da capacidade de 50 mil para 42 mil deixaria o local muito próximo do mínimo exigido pela entidade para receber os jogos da Copa do Mundo, que são 40 mil lugares para os torcedores. A reforma contempla uma revisão das divisões internas e de apoio e circulação, a adequação da infraestrutura tecnológica e elétrica, a cobertura das arquibancadas, além da construção de um anexo de apoio de nove mil metros quadrados de área que receberá os novos vestiários, as salas das delegações, da Fifa e de imprensa.
Além disso, será construído um corredor externo para facilitar a passagem do torcedor entre uma área e outra. O gramado será rebaixado em dois metros e meio, proporcionando maior visibilidade aos torcedores. A tecnologia também será um diferencial do novo Serra com mudanças no sistema de bilheteria, no perfil dos telões e do placar. A acessibilidade interna será totalmente modificada partindo das rampas de acesso até as entradas que serão setorizadas e passam a ganhar mais dois terminais de entrada e saída. Os assentos serão totalmente modificados e com cadeiras nos 42 mil lugares. A cabine de imprensa ganha o triplo de espaço atual.
As obras respeitariam o conceito original do Serra Dourada, construído em 1975 pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. O estacionamento atual, com capacidade para 10 mil veículos, também seria reduzido e passaria para seis mil. Para garantir a segurança, seriam instaladas 22 câmeras de alta definição no interior e arredores do estádio, conectadas a uma sala de gerenciamento.
Solução para um velho Problema
O anúncio de que o novo aeroporto Santa Genoveva deve ser concluído no dia 30 de maio de 2012 foi recebido como a solução para o problema mais grave da candidatura de Goiânia."A pedra no nosso sapato era o Aeroporto, mas conseguimos resolver e estamos confiantes", afirma Barbosa Neto. Segundo o presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro Cleonilson Nicácio da Silva, a data pode ser estabelecida após a Infraero negociar a rescisão do antigo contrato com a empresa Odebrecht, o que deve ser oficializado até amanhã. O contrato com a construtora foi anulado por causa de irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Com o cancelamento do antigo contrato, a Infraero iniciaria já no dia primeiro de junho um novo processo licitatório para retomar as obras no aeroporto de Goiânia, orçado em R$ 339,24 milhões. Ao todo, cerca de R$ 106 milhões já foram gastos na licitação anterior. De acordo com o cronograma estabelecido pela empresa estatal, o edital para a construção da pista de decolagem, que seria publicado no dia primeiro de junho, prevê a conclusão da obra para 30 de março de 2010, enquanto o edital para o projeto do terminal prevê a conclusão para 27 de maio do mesmo ano. Com isso, novos editais devem ser realizados para a execução das obras.
Com a reforma, a área do aeroporto deve saltar dos atuais seis mil metros quadrados para 28 mil metros. As novas instalações resolveriam o problema de capacidade do principal aeroporto de Goiás, que já trabalha com mais do que o dobro de sua capacidade. A intenção é que, concluídas as obras, a capacidade chegue a 2,1 milhões de passageiros por ano. Com todas as obras garantidas, o aeroporto resolveria, entre outros problemas, a falta de voos internacionais.
Nada de Florianópolis, Natal é a rival
Com 11 cidades-sedes praticamentes garantidas, sobrou apenas uma vaga, que será disputada por Natal, Florianópolis e Goiânia. A favorita é a capital potiguar, pelo projeto ousado para o "Estádio das Dunas", que será erguido numa área de 45 hectares, onde também haverá bosque, hotéis, teatro, estacionamentos subterrâneos, prédios comerciais, shopping center e os centros administrativos do governo do Estado e da Prefeitura.
O projeto está sendo encomendado ao escritório de arquitetura HOK SVE, da Inglaterra, o maior do mundo em termos de construções esportivas. O HOK é responsável, por exemplo, pela criação do Wembley e Emirates Stadium (do Arsenal) e da arena olímpica de Sidney, na Austrália. O complexo de Natal será construído por meio de Parcerias Público-Privadas. Dessa forma, a venda dos espaços para comércio e residência, numa área útil 300 mil metros quadrados,vai gerar cerca de R$ 1 bilhão, dinheiro suficiente para bancar o projeto do estádio.
Já Florianópolis, aposta nas belezas naturais, infraestrutura, segurança, um bom sistema de saúde, rede hoteleira e capital turística do Mercosul. O grande trunfo dos catarinenses é a construção do novo estádio, onde hoje é o Orlando Scarpelli, que terá investimentos na ordem de R$ 400 milhões. A construção está prevista para ser iniciada em janeiro de 2010, independente da escolha como uma das cidades-sedes da Copa. O projeto prevê a reforma do atual estádio, ampliando a capacidade de 20 mil para 41.700 lugares, além da construção de um complexo com um shopping, escritórios, cinemas e centro de convenções, que permitirá o uso do estádio durante toda a semana, mesmo em dias sem jogos. Os investimentos para este projeto são de aproximadamente R$150 milhões.
Além disso, Florianópolis aposta nos projetos de reforma da ponte Hercílio Luz e Beira-Mar continental, com investimentos iniciais de R$ 950 milhões nas conclusões das obras, e do Porto Turístico Internacional, no município de São José, empreendimento que deve agregar serviços de cais alfandegado para os navios de cruzeiros que percorrem a costa brasileira. A previsão para o início das operações do porto é 2012. Com a implementação do projeto serão criados 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos para atender a demanda de serviços do empreendimento, Já o aeroporto da capital catarinense deve receber R$ 295 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC. No local do atual aeroporto será construído um novo terminal, pátio de aeronaves e pista para taxiamento, além de outras melhorias.
E você, acredita na candidatura de Goiânia?
0 comentários:
Postar um comentário