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Reviravolta nos clássicos goianos


A palavra equilíbrio sempre foi marca registrada dos clássicos. No Rio de Janeiro, Flamengo e Vasco já se enfrentaram 343 vezes e a vantagem é rubro-negra com 133 vitórias, 60 empates e 121 triunfos vascaínos. Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, a vantagem é de 22 vitórias para o Atlético e Internacional nos confrontos contra Cruzeiro e Grêmio, respectivamente. Em São Paulo, em 330 jogos entre Palmeiras e Corinthians vantagem de apenas sete vitórias para o time do técnico Vanderlei Luxemburgo e 98 empates. Em Goiânia, no histórico entre Goiás e Atlético vantagem esmeraldina. Foram 258 jogos, 99 vitórias para o Alviverde, 68 empates e 91 triunfos para o Atlético. O Verde marcou 352 gols, enquanto o Dragão 338. O duelo representa bem a palavra equilíbrio.

Mas espera aí... Na capital, o arquirrival do Goiás não é o Vila Nova? Na cabeça dos torcedores vilanovenses sim, no retrospecto não. As equipes já se enfrentaram 149 vezes, com 67 vitórias esmeraldinas, 43 empates e 37 vitórias do Tigre. O time de Hélio dos Anjos marcou 204 gols e o time de Gilson Kleina, 153. São apenas 30 vitórias a mais. Talvez isso não queira dizer nada! Concordo. Porém, faz dois anos que o Vila não sabe o que é ganhar do Alviverde. Além disso, o colorado coleciona quatro derrotas consecutivas. Mas não foi só isso que determinou o enfraquecimento da rivalidade Goiás x Vila. Em 2009, a vexatória goleada de 6 a 1 (a maior da história dos confrontos) aplicada no colorado ainda não cicatrizou.

Depois, outro momento viria a sangrar ainda mais o coração dos fanáticos torcedores do Vila. No clássico do returno, o Goiás venceu por 1 a 0. Resultado normal se tratando de um clássico, se não fosse o comentário do comandante Kleina após o fim da partida: “Melhoramos”. A expressão se resume em não ter tomado outra sapatada? Ou foi apenas um alívio? Seja qual for o sentimento, a partir dali, o jogo Vila e Goiás deixou de ser o clássico mais esperado do Goianão e abriu brechas para a confirmação atleticana, que hoje é a segunda força do futebol goiano. 

Agora, a missão do Vila é ressurgir das cinzas, assim como fez o rubro-negro. Após a conquista da Série C do Brasileiro em 1990, o clube entrou em crise ao ponto de ter leiloado e demolido seu estádio Antônio Accioly. O período serviu para profissionalizar o trabalho da diretoria, tanto que o sucesso do Atlético nos gramados é o reflexo da atuação séria da cúpula. Por exemplo, o time do Atlético desde 2007 não mudou muito a cara. Chegaram novas peças, como o meia Elias e o atacante Marcão, mas a base é sempre a mesma. A receita do sucesso com certeza está sendo na manutenção dos principais jogadores. Outro ponto positivo foi no episódio da saída do comandante Mauro Fernandes, responsável pelo acesso à Série B, no ano passado, no segundo turno do Goianão. A diretoria não titubeou e antes da próxima rodada apresentou o técnico PC Gusmão, atual campeão goiano.
 
No Vila, falta isso: profissionalismo da diretoria. A dispensa em massa do grupo que ficou na sexta posição da Série B, em 2008, prova que o colorado vem se tornando um clube de verão nos últimos anos. As dispensas dos atacantes Túlio Maravilha e Wando, do volante Heleno, do zagueiro Carlinhos e dos meias Reinaldo e Alex Oliveira iriam trazer consequências negativas. Há quem acredite que a reformulação foi por causa da crise econômica mundial. A mesma que não chegou no Goiás nem no Atlético! Desculpa furada. O colorado reduziu a folha salarial que antes era de R$ 500 mil para R$ 300 mil. Com tudo isso, hoje o clube luta para se classificar num grupo que é fraquíssimo tecnicamente. A cada jogo é evidente a falta de um meia armador criativo e de um atacante com pinta de goleador. Sem contar a falta de entrosamento. Se tivesse mantido a base, acredito que a classificação seria mais tranquila e o título seria menos impossível do que é hoje. 

Mas ainda não é o fundo do poço. Para o sucesso, é preciso longevidade e é claro, um elenco forte e barato. Assim como é o do Atlético, que tem uma folha de R$ 200 mil e a média salarial gira em torno de oito a dez mil reais por jogador. Com R$ 100 mil a mais gastos, o Vila só consegue montar uma equipe meia boca. Então, pelos números e cifras gastas, o problema do Tigre é a falta de planejamento. O Vila é o vice-líder do grupo A, com 18 pontos, pode até se classificar para as semifinais, mas será apenas coadjuvante no duelo que tem tudo para ser entre Goiás e Atlético. E amanhã, a partida será a "virtual", tira-teima ou antecipada decisão. Nas entrelinhas, o jogo mais aguardado do ano. E sem chororô e lenga-lenga para os vilanovenses. O momento é de recomeçar.

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