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Você conhece os fenômenos do futebol?

Por Bruno Félix

Times, fenômenos do futebol, que aparecem fazendo campanhas extraordinárias e mostrando a cara ao Brasil, aparecem sempre e surpreendem os considerados favoritos. O caso mais recente é o do Atlético Goianiense, líder da Série B, com 32 pontos, aproveitamento de 71%. Mas o clube foi primeiro ao inferno para depois voltar ao céu. Após a conquista da Série C do Brasileiro em 1990, os atleticanos entraram em crise ao ponto de ter sido leiloado e demolir o Estádio Antônio Accioly, em 2001. Porém, os torcedores e a diretoria embargaram a obra e reconstruíram o estádio.

O período serviu para profissionalizar o trabalho da diretoria. Em 2005, o rubro-negro disputou a divisão de acesso do Goianão e foi campeão. No ano seguinte, perdeu a final do Estadual para o Goiás. Em 2007, quebrou jejum de 18 anos e sagrou-se campeão goiano. No ano seguinte, caiu na semifinal para o Itumbiara, mas foi campeão da Série C, com quatro rodadas de antecedência. Este ano perdeu a final do Estadual para o Goiás, mas, como já é visto, vem fazendo campanha excepcional na segundona.

O sucesso do rubro-negro goiano nos gramados é o reflexo da atuação séria da diretoria. De 2007 para cá, o Dragão não mudou muito a cara. Chegaram novas peças, como o meia Elias e o atacante Marcão, mas a base é sempre a mesma. No gol, o seguro Márcio, que teria chance de atuar num clube de Série A. No meio-campo, o trio Róbston, Pituca e Anaílson. Na frente, Marcão, André Leonel, Juninho e Brasão são os responsáveis pelos gols atleticanos. A boa campanha despertou interesses de vários clubes da Série A, no zagueiro Gil, que foi vendido para o Cruzeiro recentemente.

A receita do sucesso com certeza está sendo a manutenção dos principais jogadores e a política do “bom e barato”. A folha salarial do clube gira em torno de R$ 300 mil, menos que a do Vila Nova, com R$ 500 mil e que luta para se manter na Série B. Agora, resta saber qual será o destino do rubro-negro daqui a alguns anos.

Os goianos torcem para que o Atlético não siga o exemplo de outros fenômenos que apareceram repentinamente e desapareceram da mesma forma. É o caso do São Caetano. Em 2000, o desconhecido São Caetano chegou surpreendentemente à final da Copa João Havelange, depois de enfrentar times grandes, como Fluminense, Palmeiras e Grêmio. Na final contra o Vasco do baixinho Romário, o Azulão ficou com o vice-campeonato. O time é lembrado pelo destaque dos laterais César e Japinha, do meia Anaílson, hoje atleticano, do volante Claudecir, dos meias Joãozinho e Esquerdinha, do técnico Jair Picerni e do atacante Adhemar, canhão do Anacleto Campanella, o maior artilheiro da história do Clube, com 68 gols.

Em 2002, já notável, o São Caetano não parava de surpreender o Brasil. O time era praticamente o mesmo. Sílvio Luiz; Russo, Daniel, Dininho e Rubens Cardoso; Marcos Senna, Adãozinho, Aílton e Robert, Anaílson e Somália. Jair Picerni continuava no comando. Numa boa campanha e correndo por fora dos favoritos Grêmio, Flamengo, Atlético-PR, Boca Juniors e River Plate, o Azulão de mansinho se classificou em primeiro no Grupo 1 da Libertadores.

Nas fases seguintes, ele derrubou Universidad Católica, Peñarol, América do México e chegou à decisão contra o Olímpia, outra zebra. Na primeira partida, fora de casa, o São Caetano venceu por 1 a 0. Parecia que o maior título da história do clube, fundado em 1989, estava perto. É, mas o destino pregou outra peça no Azulão. Em casa, o Olímpia venceu por 2 a 1 e, nos pênaltis, se sagrou campeão. Restaram lágrimas aos paulistas.

Dois anos depois, o São Caetano, já bem modificado, com Muricy Ramalho no comando, quebrou o rótulo de vice-campeão e conquistou o Campeonato Paulista na final contra o Paulista de Jundiaí. Em 2007, o Cometa Azul caiu para a Série B e de lá para cá nunca mais apresentou aquele futebol vistoso e permanece preso na Segundona.

Além do São Caetano, o Brasiliense, equipe pertencente ao ex-senador Luiz Estevão, foi outro fenômeno do futebol. Em 2002, os brasilienses chegaram à final da Copa do Brasil e caíram diante do Corinthians. No mesmo ano, o time do Distrito Federal ganhou a Série C. Em 2004, venceu a Série B e chegou à primeira divisão. No primeiro ano na elite do futebol, não suportou a pressão, terminou o Nacional na última colocação e caiu para a Série B, onde permanece até hoje.

Que, para a alegria do futebol goiano, o Atlético continue apenas na crescente e não demonstre retrocesso daqui a alguns anos. Que os exemplos de outros fenômenos possam servir de alerta ao rubro-negro que vem trazendo imensa alegria aos torcedores do nosso estado e gera mais visibilidade e respeito ao futebol goiano.

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